segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Para registrar o que sinto

Escrevi esse texto a dois dias, no sábado. Como não tenho internet em casa salvei no pen drive e vou postar, mesmo atrasado, para não perder o registro.

Com vocês, relato de um sábado a tarde.


Hoje é sábado, dia 19 de fevereiro de 2011. Estou em casa, mais uma nova casa. Dessa vez, em São Paulo.
Desde que me descobri uma boa comunicadora criei em mim um desejo grande de vim pra cá e fazer uma carreira de sucesso. Me imaginava aquelas mulheres de sucesso, com seus cabelos impecáveis e saltos incríveis, num belo carro para a volta para casa e muitas milhas de passagens aéreas dos finais de semana que, certamente, eu passaria no meu Rio de Janeiro.

Eu me lembro bem de estar na Paulista, sentada num banco próximo ao metrô da Consolação alguns anos atrás pensando nisso. Era julho ou agosto, não me lembro bem, mas estava muito frio.
Fui a uma galeria e vi alguns quadros, pura falta do que fazer, mas adorei o glamour da terra da garoa. Dali fui a uma festa incrível de uma grande gráfica que atende o mercado de eventos no Brasil inteiro. A festa só tinha gente bonita, os feios estavam bem vestidos ou acompanhados de gente bonita. Tinham pessoas falando inglês, o estacionamento estava cheio de manobristas e as pessoas trocavam seus cartões de visitas. Até ali, eu nunca tinha tido um desses e sempre achei que isso me classificaria como uma pessoa importante e, sinceramente, ainda acho que impõe respeito.
No dia seguinte acordei com uma ressaca daquelas, peguei o carro e tomei a estrada de volta ao Rio. Foi ali que eu decidi que, em breve, eu voltaria àquela cidade e, dessa vez, de mala e cuia.

Até voltei algumas vezes antes de hoje, quando escrevo para vocês “de mala e cuia” no quarto ao lado, mas voltei para me divertir ou a trabalho e em todas elas, tinha o mesmo sentimento de que aqui seria um bom lugar para viver.

Pois bem, depois do dia de frio no banco na Paulista, passaram-se quatro anos até aqui. Nesse meio tempo, morei no Riachuelo. Eu odiava morar naquele bairro, mas era tão feliz lá que, por muitas vezes, nem me lembrava do que tinha em volta. Passei uma temporada na Austrália. Eu odiava minha vida lá, mas era tão agradecida a Deus e ao meu pai por ter me dado essa oportunidade que, o choro de todas as noites e os sonhos desfeitos não me impediram de ter a sensação de que valeu à pena. Na volta da Austrália fui trabalhar na Cufa. Para quem não sabe, é a Central Única das Favelas. Achei que tinha sido um presente de Deus, porque enquanto estava na Tailândia, agradecendo a Deus o tempo todo por aqueles dias incríveis que passei com a minha mãe, prometi que quando voltasse ao Brasil, voltaria a fazer meu trabalho social. Acreditei que trabalhar na Cufa me traria um retorno emocional que não tinha preço pela causa que eu acreditava que a Cufa lutava mas, quando cheguei lá, vi que não era nada disso. Ainda sim, me mantive lá por quase 2 anos. Eu odiava a cabeça maluca do cara mais incrível que eu conheci até hoje, Celso Athayde, mas mesmo assim, era feliz ali. Por vezes, trabalhava por mais de 12 hs e não ganhava nem um real a mais por isso, mas era recompensada quando via 30, 50 mil pessoas se divertindo ao som de algum artista num show que me tirou essas noites de sono. Pois bem, em novembro do ano passado passei por cima de um dos valores ensinados pelos meus pais e fiz uma escolha que me fez sair da Cufa. Confesso que não agüentava mais, porém, isso me deixou bem fraca.
Foi quando achei que era um momento oportuno de arrumar as tais malas e partir para São Paulo. O fiz e cá estou eu.
Ainda não consegui saber se está certo ou errado, o fato é que estou com a cara e a coragem tentando, mais uma vez, encontrar meu rumo.
Eu moro num lugar que eu nunca moraria se tivesse escolhido com mais calma. Uma tal de Cidade Tiradentes que eu assisti no “Profissão Repórter” um mês antes de vim pra cá, que era um péssimo lugar para se viver.
Eu odeio esse bairro, odeio as mentiras que me fizeram parar aqui e odeio mais ainda a sensação de estar sendo enrolada o tempo todo, mas isso não cabe dizer aqui.

Está um dia lindo de sol lá fora e eu só penso na praia do Peró e na piscina da casa dos meus pais. Penso que era um bom dia para um churrasco com os meus amigos cariocas e uma cerveja gelada no Redondo, mas, já que isso não é possível agora, prefiro pensar que não precisamos dessas cervejas para estarmos ligados. Sei que eles estarão lá quando eu precisar e eles sabem que eu estarei aqui se for o contrário. Sendo assim, ao terminar esse texto, vou tomar um banho e ir ao shopping assistir um filme. Ok, sei que isso é programa de paulista, mas é o que tem pra hoje.

Apesar dessa raiva por morar aqui, acredito que posso conseguir o que eu estou procurando. Posso me realizar profissionalmente e andar com meu salto Datelli na Paulista em direção ao meu New Beattle, pq não né? rs. Agora quero fazer o que nunca fui de fazer, ir até o final. Esse é o meu momento, estou ficando velha (ruim pensar nisso mas é verdade), não tenho mais tempo para perder e esse é o meu desejo.

Quis registrar isso nesse desabafo para mim e meus leitores, afim de não esquecer o que eu vim fazer aqui. Voltar a estudar e crescer pessoalmente e profissionalmente.

Desejo sorte pra mim, para as pessoas que me desejam o bem e o mal e para o Filipe, que me acompanha nessa jornada e tem aturado meus choros de medo, saudade e raiva da distância onde moro, todas as noites.

Como diz meu grande amigo do blues Ricardo Rimoli, inspirado no meu grande conselheiro Saint-Exupéry, “Para o alto e avante”!

Um beijo para vocês e um bom final de semana para nós,

Luka_Lua, às 16h10 de um sábado em São Paulo.