segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amor de quinta, amor de PAZ.

Pulei ele. Aposto que esta vindo aqui todos os dias esperando pelo seu texto. Do jeito que é fofoqueiro. RS

Ai, eu teria tanto para falar nesse capítulo que mal sei por onde começar, mas vamos lá.

Eu posso dizer que vivi um amor de novela.

Sabe aquela coisa de se beijar ouvindo sininhos que todo mundo sempre quis? Pois com a gente foi assim desde o primeiro dia.

Era uma noite linda. O lugar era uma delícia e passamos horas conversando à luz da lua. Somente nós dois e o barulho do mar. Ele foi chegando perto, falamos de poesia olhando nos olhos um do outro e ... o beijo.

O mundo inteiro parou ali e os sininhos começaram a tocar. Eu estava apaixonada.

Dormi com sorriso de adolescente em filme de sessão da tarde e quando acordei só pensava naquele beijo. O telefone tocou. Era ele para dar “bom dia”.

Uma semana foi o suficiente para estarmos totalmente ligados. Eu estava tirando o carro da garagem para ir trabalhar quando recebi uma mensagem apaixonada que agradecia por aquela semana.

Dali até o final do nosso “relacionamento” foi tudo muito lindo e intenso.
Com direito a tudo que um amor de novela tem direito. Inclusive as histórias polemicas.

Com esse amor tive jantares românticos, surpresas inesquecíveis, noites para admirar as estrelas, luz de velas, troca de poesias. Com esse amor me apaixonei mais por Vinicius de Morais, reli o Pequeno Príncipe junto, parei para admirar a beleza das luzes de cidade se acendendo e apagando na madrugada.

Por esse amor me dediquei ao departamento das coisas eternas e as estréias dos “Eu te amos”.

Meu sapinho me proporcionou viver um querer livre, diferente de tudo que eu já tinha vivido até então. Um amor sem egoísmo, que respeitava os espaços, que dava valor à simplicidade e que acreditava que detalhes nunca são meros.

Amor de pedrinha na janela no meio da madrugada, de passeio de bicicleta em cartão-postal, de amor no alto de um farol. Um amor de PAZ, nossa palavra.

Como todo amor, sonhamos com filhos, falamos de futuro, partilhamos medos e não nos preocupamos em desfazer esses planos, ou não.

Com tudo que nos envolvia de problemas, esse capítulo da minha série superou todos e foi a experiência mais enriquecedora que tinha tido até então.

Trocamos milhões de e-mails, rezamos juntos, preparamos surpresas, cuidamos um do outro, foomos a lugares legais, batizamos algumas coisas como sendo nossas. Uma praia, uma poetisa, uma música, um livro...

Desse amor não vou falar de datas, fases ou local que nos conhecemos. Sei que ele vem sempre aqui e, ainda assim, não precisaria desse texto para deixá-lo saber de tudo isso.

Acho que fui tão feliz nesse período que eu não via nada além daquele sorrizão e do brilho nos olhos dele quando olhava para mim.

Sempre estivemos em momentos diferentes na nossa vida e, talvez por isso ou por uma opção implícita nossa, não ficamos juntos.
É claro que tivemos dias tristes, dias de decepção nas idas e voltas da vida dele e depois, da minha.

Derramamos algumas lágrimas que não nos deixaram marcas.
Elas fazem parte do nosso amor.

Dançamos as mais belas músicas e nos deixamos livres para sermos felizes e assim, conseguimos manter vivo nosso conto de fadas que, com certeza, foi vivido a dois.

“Te amo como nunca amei
Você longe, meu continente, meu rei
Eu te amo quantas vezes for sentido
E só nesse motivo, é que te amarei”


Obrigada, sua Paz.

Amor de quarta... Amor de música e aventura!

Vou dedicar a quarta-feira da minha semana dedicada as histórias do coração amo meu amor de ponte aérea.

Esse amor me lembra música do legião Urbana, ou o exagerado de Cazuza. Definitivamente, uma forte candidata a uma vida de marinheira, com um amor em cada porto, como eu, não poderia deixar de ter uma historia como essa.

Av. Paulista, março de 2007. O cenário era um bar barato, com algumas cervejas na mesa, um bom papo e boas risadas e ali já descobrimos afinidades que nos levaram a viver um amor a 100km/H.

Trabalhavamos na mesma empresa, em cidades diferentes. E em uma madrugada de evento corporativo eu estava perdida por SP e depois do papo de mais cedo na mesa de bar, liguei pra ele me salvar e lá foi ele ao meu encontro, sei lá, às 3H da manhã, pra me levar pra “casa”.

Tenho a riqueza dos detalhes de cada capítulo dessa historia que, sei, magoa outro dos meus amores, mas que não poderia deixar de escrever.

Como tudo em que me envolvo, me apaixonei e me joguei de cabeça nessa relação proibida por todos os lados. Não conseguia mais acordar sem fazer ligação DDD e era maravilhoso não acordar nenhum dia sem receber uma mensagem ou ligação de 011.
Meu guri, como o chamava, me apresentou minha atual SP, me levou ao cenário da famosa melodia que canta o cruzamento da Av. Ipiranga com a Av. São João.

Nós nos divertíamos tanto juntos...

Acho que vivi com esse amor na intensidade que deveria ter vivido com meu amor da história de ontem, já que estávamos na adolescência, mas isso só aconteceu quando eu já tinha 24, no entanto, meu guri estava na flor dos seus 17 anos.
Todos os dias me dava vontade de largar tudo, arrumar a mala e viver com ele. Acho que se tivéssemos tido coragem na época, não duvidaria se estivéssemos juntos até hoje.

Ele era como a tampa da minha panela, nos completávamos em todos os sentidos. No descaso ao perigo, na paixão pela aventura, no amor pela música, na intensidade das relações e na total ignorância do medo de ser feliz. Acho que ambos continuamos com o mesmo perfil até hoje.

A lembrança mais doce que tenho desse amor foi um sábado de sol no Rio de Janeiro. Na noite anterior ficamos no telefone até tarde. Falamos da insuportável distancia entre o RJ e SP; eu adorava ouvir a voz dele e ele estava sempre elogiando meus cachos. Desligamos juntos ouvindo repetidos Eu te amos.

Como todo sábado, acordei e fui ao salão quando meu telefone tocou e a bina me mostrou ele ligando. Eu já fiquei feliz ali mas o que me esperava era muito melhor. Sem resistir, ele desligou o telefone comigo e foi para a rodoviária, de onde estava ligando para dizer “preciso te ver”. Foi a tarde mais linda desse amor.

Peguei no sono em um momento da tarde e quando abri os olhos, ele estava sentado ao meu lado, me olhando e com o violão nos braços, começou a tocar músicas que entoaram nosso romance. Lembro que a trilha começou com Caetano e a sua “O que que vou fazer pra te esquecer. Sempre que já nem me lembro. Lembras pra mim// Cada sonho teu me abraça ao acordar como um anjo lindo// Mais leve que o ar, tão doce de olhar. Que nem um adeus pode apagar...”

Foi incrível! E, que me desculpem todos os outros amores que me fizeram surpresa mas aquilo foi demais!

Naquele dia ele não tinha ido ao Rio somente para me ver. Tinha ido, também, para se despedir de mim. Eu não podia manter aquela relação escondida e ele não podia se prender a mim. E choramos...

Aquele foi um Tchau, porque não durou por muito tempo. Fui ao seu encontro no aniversário de 18 anos, lhe preparei surpresas e ali, sim, foi nossa despedida. Não nos falamos mais.

A pouco tempo vim a SP e nos encontramos no mesmo lugar de sempre. Eu estava pronta para voltar ao Rio quando nos encontramos na rodoviária em São Paulo. Estava sentada, lendo, esperando o horário do ônibus quando ele parou na minha frente, na dúvida se era realmente eu quem estava ali. Até que levantei o rosto e lhe sorri.
Nem preciso dizer que mais uma despedida de SP acabou em um bar, com cervejas, músicas com voz e violão e nós, voltando cada um pro seu canto, trocando mensagens apaixonadas de saudade que, mais uma vez, só ficaram nas lembranças.

Saudade desse amor aventureiro!

O amor de terça... o do puro êxtase

Conheci o segundo amor da minha série na escola.
Eu não era a menina mais desejada e ele não era o mais popular. Começamos com uma amizade de leve que logo virou romance.
Lembro bem da primeira vez que nos beijamos e de todas as outras, quando aprendemos juntos o mais literal dos sentidos da palavra desejo. Estávamos a flor da pele sempre.
Nos víamos todo final de semana numa festinha de rua perto de casa e, quando a gente se via dava choque. Lembra? rs
Ele era o namorado que toda menina gostaria de ter. Mandava-me vários recados pelo teletrim (pois é, sou dessa época), trocavamos recadinhos apaixonados durante a aula, fazia juras de amor, me protegia, tinha planos para o futuro... Mas eu já estava me transformando na mulher independente que sou hoje. Só depois de madura que percebi que o amor que ele me oferecia era demais para mim.
15 anos. Lá estava eu na minha festa de debutante. Meu primeiro amor foi, mas eu só tinha olhos para o segundo. Nesse dia ainda não tínhamos contado para ninguém que éramos namorados então, naquele caderno que as pessoas deixam mensagens, ele me deixou um recado que eu sabia querer dizer "Eu te amo". Nosso namoro não durou muito tempo. Eu queria sair todos os dias e ele era mais caseiro.
Ele estava em uma fase difícil e eu me culpava por um monte de coisas. No fundo, bem que queria estar com ele, mas hoje considero que naquela época eu era meio "Maria vai com as outras". Não conseguia me dividir bem entre as amigas e o namorado.
Elas achavam careta e eu nunca disse isso para ele, mas ficavam me dizendo que ele era feio. Eu não estava nem aí pra isso, entre a gente, mas acho que me preocupava com a minha imagem de popular. Eu sei que é ridículo, mas eu tinha 14 anos e me importava com a opinião alheia, mesmo que distorcida. Que bobeiras fazemos quando temos 14 anos não é mesmo?
Esse meu amor sempre foi um cara por quem tive muita admiração. Talvez, de todos os amores, de quem sou até hoje, mais fã. Principalmente pela coragem de enfrentar suas escolhas.
18 anos. Eu tinha terminado um namoro com outro menino de mesmo nome mas totalmente oposto desse amor. Era um lord loiro de olhos azuis, com um corpo escultural e que não queria nada com a hora do Brasil. Duvido que tenha uma carreira hoje.
Pois bem, não me lembro como mas a vida nos colocou denovo no caminho um do outro. O reencontro foi legal mas continuávamos muito diferentes. Ele só pensava na carreira, em estabilidade e no futuro e eu só queria saber de curtir meu carnaval na Bahia, ir às festas mais badaladas e viver um dia de cada vez, como faço até hoje.
Cada um seguiu seu rumo mas sempre tive nele um porto seguro e nas minhas noites de pileque ligava na madrugada pedindo colo. Sempre fui possessiva e até mesmo egoísta. Achava que deveria mante-lo por perto e tinha dificuldade de respeitar o espaço dele e a vida pessoal tmb. Sempre fomos muito amigos. Eu o amava muito e queria te-lo na minha vida como meu anjo da guarda. Eu não conseguia respeitar o limite da amizade e isso fez com que ele se afastasse de mim.
O legal da minha vida com esse amor é que isso durou dos 14 aos 20 quando nos conhecemos melhor e conhecemos um ao outro também. Aprendemos a nos respeitar e respeitar nossos estilos de vida.
Meu segundo amor é uma pessoa a quem sou eternamente grata. Passamos muitas madrugadas conversando sobre a vida e os sonhos, discutíamos quase todos os dias porque ele me achava fútil e eu achava ele um chato. Cá pra nós, acho q pensamos assim até hoje mas não duvido que, como amigos, mantemos esse laço de carinho tão bacana da adolescência.
Ainda tenho todas as cartas e bilhetinhos que esse amor escreveu pra mim. Às vezes os leio e sorrio sozinha lembrando aquela época de descobertas que vivemos juntos e não tenho como não lembrar esse amor toda vez que toca o Barão Vermelho e o "Puro êxtase" que virou nossa trilha sonora.
Desejo tantas coisas boas para meu amor de escola que mal cabem em mim e sou feliz demais por ter tido esse anjo na minha vida.

Sei que você leu esse post, sendo assim, o meu muito obrigado por essa história!

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Queria ser o banquinho da bicicleta"

Essa é a música que me lembra meu primeiro grande amor. Nada romântico, eu sei, mas era coisa da fase.
O dia dos namorados pode até ser comercial, mas de um jeito ou de outro, inspira. E cá estou eu, aproveitando a deixa para falar dos meus amores. Agora, estou ouvindo Vinicius e inspirada a escrever sobre ele nessa semana em que todo mundo pensa no seu amor do presente, passado ou futuro.




Conheci o primeiro amor da minha série quando ainda era uma criança. Eu deveria ter, sei lá, uns 11 anos ou menos. Foi com ele que eu aprendi o que era amar uma pessoa. Ele é meu vizinho no condomínio da casa de praia, sendo assim, foi, a vida inteira, meu amor de verão.
Eu ainda era bem nova quando nos beijamos pela primeira vez, brincando de pique - esconde pelo condomínio(Sim, ainda brincava-se nessa idade 15 anos atrás). Por uma enorme "coincidência" sempre nos escondíamos nos mesmos lugares. Que delícia lembrar disso hoje, da inocência da juventude. Me soa tão saudável...

Passávamos os verões nos encontrando escondidos dos nossos outros amigos do condomínio e criamos uma tática que, a gente jurava que ninguém nem desconfiava (rs).
Naquela época o programa dos adolescentes era ficar até altas horas da madrugada conversando num banquinho que ficava bem enfrente a minha casa. Todo mundo se encontrava ali para bater papo e cada um ia se retirando no seu tempo. Por mais uma coincidência, eu e ele éramos sempre os últimos. Então, todo mundo ia andando para a casa e a gente fingia fazer o mesmo e voltava para se ver e passar mais algumas horas conversando e namorando sob a luz da lua. Hoje percebo o quanto era bonito aquele tempo que passávamos juntos, não pelo amor. Até porque, ele nunca sentiu isso por mim, mas pela inocência e pelas descobertas de desejos que fomos descobrindo bem aos pouquinhos ao longo dos anos. E era tudo muito puro, muito sincero. Queria que as meninas de hoje também tivessem essa calma.

Eu e ele devemos ter uns 3 anos de diferença mais ou menos. Quando se tem 28 anos, isso não faz a menos diferença, mas, naquela época acredito que estávamos eu com uns 12 e ele 15. Aí já viu, né?
Eu era apaixonada por aquele sorriso com aparelho nos dentes e o jeito que ele passava a mão no cabelo, super liso, para tirar do rosto. Achava um charme ele tocando violão e ser, como eu, apaixonado pela música. Eu era totalmente apaixonada. Passava dias pensando nele, anotava todos os dias na agenda a quantos dia eu não o via, escrevia cartas de amor, ligava para ouvir a voz, sempre respondia aquele nome nos famosos cadernos de perguntas da época... aff. A gente é tão boba quando é nova e isso é tão bom.

Passamos bons anos "juntos", esperando pelas férias e feriados para nos vermos. Aí veio a adolescência. Eu já não queria me encontrar às escuras e ele, já não queria mais só beijos e carinhos. Quando ele entrou na adolescência começou a pensar como os meninos adolescentes e me deu um ultimato que me decepcionou totalmente. Acho que foi nessa época que paramos nossa história. Eu já era decidida e, mesmo apaixonada, não me deixei levar. Rapidamente acabou aquele encanto todo que eu sentia por ele.

Até porque, nessa época, eu já estava conhecendo um outro amor...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Falando de ética

Que ironia, não?! Em meu último post eu estava justamente falando sobre pré-conceitos e o que acontece comigo? Sou vítima desse mesmo sentimento.

Para mim, sofrer com o racismo não é nenhuma novidade. Aprendi o que era isso na escola. Demorei a entender, mas, aprendi. Quando era mais nova, eu tinha uma diretora que, do meu grupo de amigas, ela só pegava no meu pé. Tudo que eu fazia estava errado, tudo que eu falava era feio, toda vez que ela me via tinha um olhar de reprovação. Ela chegou ao cúmulo de, numa ocasião que eu e uma amiga fomos pegas colando, ela chamar nossos pais, mas, para o meu, disse que eu seria reprovada. Sorte a minha te-lo do meu lado e passei a ser ainda mais fã dele quando rasgou prova, jogou na mesa dela e disse: “se ela não passar a gente conversa” e saiu da sala, sem dar a mínima para mais aquela atitude dessa diretora racista que pegou no meu pé por alguns anos antes que eu mudasse de unidade na escola.

Pois bem, anos depois fui visitar uma amiga no Leblon e o porteiro me mandou subir pelo elevador dos empregados. A mãe dela teve que interfonar para interferir.

Passou um tempo e sofri preconceito em uma empresa que trabalhei. O chefe me disse que, para ser produtora já era difícil sendo negra, sendo gorda nem pensar.

Mais uns anos e sofri preconceito numa festa de formatura que o final foi hospital e eu com muitos pontos pelo corpo por conta de uma briga que começou pelo fato de uma negra estar em “festa de branco”.

Passou um tempo e fui para a Austrália, onde fui expulsa de uma loja por ser negra.

E isso tudo é só um resumo das experiências que mais me marcaram. Depois disso tudo, da maturidade e da segurança que adquiri com ela, não admito mais esse tipo de atitude e azar o da pessoa que ousar me diminuir pela minha cor. Pois bem, na última sexta-feira aconteceu novamente.

Não tão diretamente como nos fatos que acabo de relatar, mas, que mexeu diretamente comigo e com minha moral.

Meu chefe veio até minha sala para uma reunião e, observando os fios que estavam soltos e bagunçados embaixo da mesa por conta de tantas ligações de computador, impressora, etc, disse, ao falar que era para chamar os meninos do operacional para acertar: “Chama os porcos para fazer trabalho de branco”.

Não sei como eu me segurei para não falar nada na hora que ele disse isso, mas, friamente, esperei ele ir embora e eu me acalmar para escrever um e-mail pedindo retratação e respeito. Ia fazê-lo só na segunda-feira seguinte, com os ânimos menos exaltados, mas, ele provocou. Me ligou pouco depois para falar de um documento e quis me dar uma aula de ética.

Todo sentimento ruim de raiva que me tomou ao ouvir o que ele disse sobre “trabalho de branco” voltou e mandei o e-mail que copio abaixo.

O RH me chamou para conversar no dia seguinte e disse que nunca tinha acontecido. Explico: porque nunca tiveram um negro com atitude. E digo mais. Não admito que diminua nem a mim e a minha raça e ponto.

Antes de copiar o e-mail aqui, deixo um pedido aos meus irmãos de cor. NUNCA deixem que nos diminuam. Aliás, deixo esse pedido a todas as pessoas que sofrem preconceito. Aos negros, aos gordos, aos ruivos, aos gays, aos velhos, aos portadores de algum tipo de doença. NUNCA deixem que ninguém interfira para que vocês sejam felizes, nunca deixem que NINGUÉM diga que você não pode, em hipótese alguma, permita que alguma coisa te deixe pensar que você é pior do que outra pessoa. Temos que nos impor e acreditar que somos os melhores, que somos lindos, poderosos e que podemos, sim, mudar a cabeça da sociedade.

Para os preconceituosos que me lerem – sei que tem – só tenho a lamentar pelo tempo perdido em fazer julgamentos e me ofereço para um papo caso precise de ajuda.
Fiquem com meu e-mail e meu desejo de amor.

Beijokas, Luka

sex 20/05/2011 18:05
Prezado Chefe (melhor resguardar o nome né?!),
Eu já estava com um e-mail pronto que iria mandar só na segunda-feira, com mais calma, para ter certeza de que deveria realmente enviar, mesmo sabendo que por uma questão moral eu deveria já te-lo feito.
Porém, diante do que acabei de ouvir sobre ética não acredito que tenha problema em me abrir com o senhor, seguindo seu discurso para mim no telefone sobre o que é ética e ser ético, principalmente a parte do “falar a verdade”.
Hoje quando o senhor esteve aqui, fez uma observação sobre o trabalho, segundo o senhor, mal feito dos meninos com relação aos fios dos equipamentos aqui da sala do departamento comercial e fez uma observação muito infeliz que atingiu diretamente a mim.
Ao falar que os meninos deveriam fazer um trabalho melhor, disse: “Chama os porcos pra fazer trabalho de branco”.
Gostaria aproveitar o momento em que estamos falando dessa ética para pedir que o senhor aja com tal ao falar comigo ou da minha raça. Estávamos diante de testemunhas como Leticia e Juliana e eu não precisava, realmente, ouvir isso. Gostaria de aproveitar o momento para dizer que sou negra e desde sempre aprendi que cor ou raça não diferem ninguém e fui muito bem educada pelos meus pais a lhe dar com o próximo. Eu não tenho nada haver com seus preconceitos contanto que não atinja a minha moral.
Copio Juliana e Letícia, que estavam de testemunha para que não soe como mentira.
Sendo assim, peço que pensemos sobre essa ética ao tratarmos um ao outro e os nossos próximos.
Desejo um bom final de semana para o senhor,
Luana de Jesus

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vergonha de mim

O trem estava lotado. O espaço que consegui não seria o suficiente para mim, meu livro aberto e minha mochila. Optei por continuar lendo e coloquei a mochila no chão, entre meus pés. À frente dela um menino que aparentava ter, no máximo, 12 anos. Estava agachado, parecendo tentar escapar daquela multidão e, claro, descansar. É só um menino. Cheguei a questionar, conversando comigo mesma, porque a mão não o teria deixado sentar no seu colo.

Pois bem, receosa, virei a mochila de modo que o fecho aclair ficasse bem próximo da minha perna e eu sentiria, caso o menino tentasse mexer. Não me senti culpada por isso. Infelizmente, nossa história em sociedade me permite essa autodefesa (queria eu poder viver sem desconfiar das crianças!). Segui viagem e depois da 3° estação desencanei. O menino mal olhou para o lado.

Na última estação antes da minha vez de descer, a moça que, antes, eu pensei ser a mão daquele menino se levantou e saiu do trem. Rapidamente o menino tomou seu lugar e, na mesma velocidade, acho que viu que teria que dar a preferência para outras pessoas. Olhou em volta, escolheu uma senhora e perguntou: “A senhora quer sentar?” e a senhora respondeu que não. Eu vi o que aconteceu, mas, estava tão atenta a história de “A cidade do sol”, que estou relendo, que nem estava prestando atenção àquele gesto. Até que o menino me cutucou. “Moça, a senhora quer sentar aqui?” Diante da minha resposta negativa, ele, senti que, até com um pouco de vergonha por ter se adiantado, reforçou a pergunta: “Tem certeza?”. Dessa vez, minha resposta foi positiva e o vi sorrir, com o aparelho dental todo colorido.

Achei nobre que, naquela idade, onde os meninos se acham “os todos poderosos”, ele tenha se preocupado em perguntar às pessoas mais velhas (sim, já estou me encaixando nesse quadro e essa é a parte mais chata da história), tenha se preocupado em agir corretamente sabendo que a preferência não seria dele. Nem me lembrei que, minutos antes, eu estava julgando esse mesmo menino e protegendo minha mochila de um possível furto.

Eis que chegou minha estação, continuava distraída e sai sem prestar atenção que o menininho tinha saído junto comigo. Impossibilitada de ler e caminhar ao mesmo tempo, fechei o livro e quando olhei para o lado, ele me sorriu, com um sorriso maroto dos meninos de 12 anos. No seu ombro, uma caixa de madeira dessas de sapateiro que, muito provavelmente, era seu instrumento de trabalho. Percebi que ele sorriu pra mim como quem compartilha da felicidade de chegar em casa depois de mais um dia de uma longa jornada de trabalho. Assim como eu, estava cansado. Por isso se agachou, por isso correu para sentar, por isso ficou feliz, com o aparelho à mostra, quando eu disse que o lugar era dele.

Com uma dorzinha no peito e coração apertado, sorri pra ele e parei no banco para escrever sobre esse sentimento e não me deixar esquecer de que a mesma sociedade que na qual eu me baseei para não me sentir culpada por me proteger de um menino de 12 anos é a sociedade que tem medo do meu irmão na rua por ser negro, é a que julgou meu pai por anos por ser negro, é a que tem medo dos meninos que passam fome nas ruas e que certamente pré julgará um filho meu no futuro.

Pensei nisso e senti vergonha de mim.


São Paulo, 05/05, 20:53

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Tudo muda o tempo todo no mundo"

Ô amores, que saudade!

Estou tomada de paz interior e venho trazer um pouco de poesia para vocês.
Não a poesia trivial, com seus versos rimados e palavras de amor. Venho "poetizar" o cotidiano, porque não?!

Decidi tornar minha viagem diária de ida e volta ao trabalho menos cansativa e massante com a decisão de não reclamar TÃO mais por isso.

Estou tentando. As minhas mudanças de humos pelas características geminianas nem sempre me permitem seguir essa linha, mas, estou tentando.

Eu passo mais de 4 horas por dia em trânsito de casa para o trabalho e vice versa. Parei, fiz as contas e pensei: Não. Não posso ficar tantas horas do dia reclamando se já passo as outras trabalhando. Vou viver, vou sorrir, vou reparar nas pessoas no caminho, porque não?

Não serei hipócrita em dizer que não me incomoda ter que fazer quatro baldiações do trem todos os dias e depois ter que pegar um ônibus cheio e antes do conforto do lar, ter que correr pra chegar em casa com medo do que o escuro da rua pode trazer. Mas vou fazer o que? Não escolher? Agora aguenta.

Eu já estou achando engraçado, juro! As vezes eu rio sozinha pensando nisso. É melhor assim.

Daqui a pouco muda.

As vezes sinto mais falta do Rio do que o comum. Nos dias gostosos principalmente. Dá vontade de sentar e tomar umas cervejas acompanhadas de boas risadas dos amigos.

As vezes me dá vontade de pegar um taxi que me deixe na porta de casa. Só pelo prazer do conforto.

Muitas vezes me dá vontade de largar tudo e voltar pro colo de mãe.

Li ontem: "Discreto, o processo intensivo de transformação que o viver é nos prova que nada é fixo. E que "Tudo muda o tempo todo no mundo". Só de saber que isso é verdade já é matéria de poesia no meu coração"

Preciso dizer mais?

Ah!!! Preciso! Amanhã é o último dia da semana. Delícia de viver!

Amo vcs

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Para registrar o que sinto

Escrevi esse texto a dois dias, no sábado. Como não tenho internet em casa salvei no pen drive e vou postar, mesmo atrasado, para não perder o registro.

Com vocês, relato de um sábado a tarde.


Hoje é sábado, dia 19 de fevereiro de 2011. Estou em casa, mais uma nova casa. Dessa vez, em São Paulo.
Desde que me descobri uma boa comunicadora criei em mim um desejo grande de vim pra cá e fazer uma carreira de sucesso. Me imaginava aquelas mulheres de sucesso, com seus cabelos impecáveis e saltos incríveis, num belo carro para a volta para casa e muitas milhas de passagens aéreas dos finais de semana que, certamente, eu passaria no meu Rio de Janeiro.

Eu me lembro bem de estar na Paulista, sentada num banco próximo ao metrô da Consolação alguns anos atrás pensando nisso. Era julho ou agosto, não me lembro bem, mas estava muito frio.
Fui a uma galeria e vi alguns quadros, pura falta do que fazer, mas adorei o glamour da terra da garoa. Dali fui a uma festa incrível de uma grande gráfica que atende o mercado de eventos no Brasil inteiro. A festa só tinha gente bonita, os feios estavam bem vestidos ou acompanhados de gente bonita. Tinham pessoas falando inglês, o estacionamento estava cheio de manobristas e as pessoas trocavam seus cartões de visitas. Até ali, eu nunca tinha tido um desses e sempre achei que isso me classificaria como uma pessoa importante e, sinceramente, ainda acho que impõe respeito.
No dia seguinte acordei com uma ressaca daquelas, peguei o carro e tomei a estrada de volta ao Rio. Foi ali que eu decidi que, em breve, eu voltaria àquela cidade e, dessa vez, de mala e cuia.

Até voltei algumas vezes antes de hoje, quando escrevo para vocês “de mala e cuia” no quarto ao lado, mas voltei para me divertir ou a trabalho e em todas elas, tinha o mesmo sentimento de que aqui seria um bom lugar para viver.

Pois bem, depois do dia de frio no banco na Paulista, passaram-se quatro anos até aqui. Nesse meio tempo, morei no Riachuelo. Eu odiava morar naquele bairro, mas era tão feliz lá que, por muitas vezes, nem me lembrava do que tinha em volta. Passei uma temporada na Austrália. Eu odiava minha vida lá, mas era tão agradecida a Deus e ao meu pai por ter me dado essa oportunidade que, o choro de todas as noites e os sonhos desfeitos não me impediram de ter a sensação de que valeu à pena. Na volta da Austrália fui trabalhar na Cufa. Para quem não sabe, é a Central Única das Favelas. Achei que tinha sido um presente de Deus, porque enquanto estava na Tailândia, agradecendo a Deus o tempo todo por aqueles dias incríveis que passei com a minha mãe, prometi que quando voltasse ao Brasil, voltaria a fazer meu trabalho social. Acreditei que trabalhar na Cufa me traria um retorno emocional que não tinha preço pela causa que eu acreditava que a Cufa lutava mas, quando cheguei lá, vi que não era nada disso. Ainda sim, me mantive lá por quase 2 anos. Eu odiava a cabeça maluca do cara mais incrível que eu conheci até hoje, Celso Athayde, mas mesmo assim, era feliz ali. Por vezes, trabalhava por mais de 12 hs e não ganhava nem um real a mais por isso, mas era recompensada quando via 30, 50 mil pessoas se divertindo ao som de algum artista num show que me tirou essas noites de sono. Pois bem, em novembro do ano passado passei por cima de um dos valores ensinados pelos meus pais e fiz uma escolha que me fez sair da Cufa. Confesso que não agüentava mais, porém, isso me deixou bem fraca.
Foi quando achei que era um momento oportuno de arrumar as tais malas e partir para São Paulo. O fiz e cá estou eu.
Ainda não consegui saber se está certo ou errado, o fato é que estou com a cara e a coragem tentando, mais uma vez, encontrar meu rumo.
Eu moro num lugar que eu nunca moraria se tivesse escolhido com mais calma. Uma tal de Cidade Tiradentes que eu assisti no “Profissão Repórter” um mês antes de vim pra cá, que era um péssimo lugar para se viver.
Eu odeio esse bairro, odeio as mentiras que me fizeram parar aqui e odeio mais ainda a sensação de estar sendo enrolada o tempo todo, mas isso não cabe dizer aqui.

Está um dia lindo de sol lá fora e eu só penso na praia do Peró e na piscina da casa dos meus pais. Penso que era um bom dia para um churrasco com os meus amigos cariocas e uma cerveja gelada no Redondo, mas, já que isso não é possível agora, prefiro pensar que não precisamos dessas cervejas para estarmos ligados. Sei que eles estarão lá quando eu precisar e eles sabem que eu estarei aqui se for o contrário. Sendo assim, ao terminar esse texto, vou tomar um banho e ir ao shopping assistir um filme. Ok, sei que isso é programa de paulista, mas é o que tem pra hoje.

Apesar dessa raiva por morar aqui, acredito que posso conseguir o que eu estou procurando. Posso me realizar profissionalmente e andar com meu salto Datelli na Paulista em direção ao meu New Beattle, pq não né? rs. Agora quero fazer o que nunca fui de fazer, ir até o final. Esse é o meu momento, estou ficando velha (ruim pensar nisso mas é verdade), não tenho mais tempo para perder e esse é o meu desejo.

Quis registrar isso nesse desabafo para mim e meus leitores, afim de não esquecer o que eu vim fazer aqui. Voltar a estudar e crescer pessoalmente e profissionalmente.

Desejo sorte pra mim, para as pessoas que me desejam o bem e o mal e para o Filipe, que me acompanha nessa jornada e tem aturado meus choros de medo, saudade e raiva da distância onde moro, todas as noites.

Como diz meu grande amigo do blues Ricardo Rimoli, inspirado no meu grande conselheiro Saint-Exupéry, “Para o alto e avante”!

Um beijo para vocês e um bom final de semana para nós,

Luka_Lua, às 16h10 de um sábado em São Paulo.