segunda-feira, 18 de maio de 2009

MORAR FORA!

“MORAR FORA não é apenas aprender uma nova lingua.
Não é apenas caminhar por ruas diferentes ou conhecer pessoas e culturas diversificadas.
Não é apenas o valor do dinheiro que muda.
Não é apenas trabalhar em algo que você nunca faria no seu pais.
Não é apenas ter a possibilidade de ganhar muito mais dinheiro do que se ganhava.
Não é apenas conquistar um diploma ou fazer um curso diferente.
Morar fora não é só fazer amigos novos e colecionar fotos diferentes.
Não é apenas ter horarios malucos e ver sua rotina se transformar diariamente.
Não é apenas aprender a se virar, lavar, passar, cozinhar.
Não é apenas comer comidas diferentes, pagar suas contas no vencimento, se matar para pagar o aluguel.
Não é apenas não ter que dar satisfações e ser dono do seu nariz.
Não é apenas amar o novo, as mudanças e tambem sentir saudades de pessoas queridas e algumas coisas do seu pais.
Não é apenas levantar da cama em um segundo quando chega encomenda do BraZil.
Não é apenas já saber que é alguém do Brasil ligando quando toca seu celular sempre no mesmo horário.
Não é apenas a distância.
Não são apenas as novidades.
Não é apenas uma nova vista ao abrir a janela.
Morar fora é se conhecer muito mais.
É amadurecer e ver um mundo de possibilidades a sua frente.
É ver que é possivel sim, fazer tudo aquilo que você sempre sonhou e que parecia tão surreal.
É perceber que o mundo está na sua cara e você pode sim, conhece-lo inteiro.
É ver seus objetivos mudarem.
É mudar de ideia.
É colocar em pratica.
É ter que mudar sua cabeça todos os dias.
É deixar de lado as coisas pequenas.
É saber tampar o seu ouvido.
É se valorizar.
É ver sua mente se abrir muito mais, em todos os momentos.
É se ver aberto para a vida.
É não ter medo de arriscar.
É colocar toda a sua fé em prática.
É ter fé.
É aceitar desafios constantes.
É se sentir na Terra do Nunca e não querer voltar.
É querer voltar e não conseguir se imaginar no mesmo lugar.
Morar em outros paises é se surpreender com você mesmo.
É se descobrir e notar que na verdade, você não conhecia a fundo algo que sempre achou que conhecia muito bem: VOCÊ MESMO!!!!”


E queridos... esta chegando a hora de me despedir do mar azul da Australia, da educacao dos Australianos, da minha Joanna pedindo comida de manha na varanda de casa... Esta chegando a hora de me despedir da vista incrivel do meu ap. Junto com a hora de partir, chega tambem a hora de fazer o balanco dessa experiencia.
Nesses ultimos dias, tenho sentido meu coracao apertadinho, apertadinho...
E uma mistura de sentimentos muito louca porque ao mesmo tempo que eu esperei, desde que eu cheguei aqui, pelo momento de ir embora, agora, as coisas estavam comecando a se acertar e eu, tenho que partir.
O meu coracao ta apertado de ter que voltar pro Brasil e perder a vista pro mar. Nossa, isso ta doendo muuuuuuuuito...

E eu nao tenho como deixar de colocar na balanca todos os pros e contras de voltar pro Brasil.
Sera que trabalhar na minha area paga a perda da paz daqui?
Sera que falar a minha lingua paga a perda de chances que esse pais me oferece?
Sera que voltar pra casa, suburbio, bala perdida, falta de educacao... paga a perda da vida regrada daqui?
Mas... sera que tudo isso paga viver longe da familia e dos amigos?

Sao tantas perguntas sem resposta que eu fico ainda mais angustiada com a sensacao de voltar e nao saber se estou fazendo a coisa certa.
A vinda para a Australia foi a realizacao do sonho do intercambio, mas, na idade da maturidade, onde tenho que medir bem todas as minhas atitudes para tentar ter meu futuro bom.
Vim para o intercambio depois de ja ter a minha profissao, a minha casa, o meu marido... aff... muito complexo.

Mas agora, eh hora de voltar.
Nao quero mais morar naquele suburbio feio e violento, nao quero mais o luxo da cidade grande sem a paz da pequena, nao quero mais voltar a sentir obrigacao de ser bem sucedida na carreira que eu estudei. Eu quero ser feliz com pouco, quero ser feliz sem salto alto ou carro de luxo, quero ser feliz sem precisar trabalhar nos finais de semana ou gastar milhoes de reais em cursos de especializacao.

Quero ser feliz podendo mudar, sem ter vergonha de trabalhar no que quer que seja. Eu quero ser feliz com a possibilidade de criar, sem compromisso, um mundo meu. Onde eu possa pagar minhas contas e viver com o troco.

Eu nao quero mais competicao, nao quero mais poder, nao quero mais achar 1000 reais pouco dinheiro depois de viver com muito menos do que isso na Australia.

Eh queridos, hoje e um texto triste, de alguem com medo da sair da "Terra do Nunca".

Com amor,

Luka

domingo, 17 de maio de 2009

Polícia com atitude de polícia!

Ao som de "Coisas Fáceis", do meu cantor preferido no mundo, escrevo para vocês, queridos leitores, num final de tarde frio em Sydney. Hoje eu vou contar para vocês uma curiosidades interessantes de um país organizado.

Semana passada comprei um carro. É um carro velho e barato, claro, sou imigrante. Mas, é um carro bem legal. Enfim, sei que já está perto da hora de voltar pra casa mas essa está sendo a minha última tentativa de juntar o mínimo de dinheiro para curtir um pouquinho depois do final do meu curso.
No primeiro dia que saí com o carro já tive uma surpresa desagradável. O motor estava esquentando e eu não sabia o que era. Minha chefe se ofereceu para me levar para casa, mas, eu não podia deixar meu pobre carrilho lá. Arrisquei vim pra casa com ele e, no caminho, parei em um posto de gasolina com uma oficina. Aqui não tem aquelas garagens de casa abertas, todas imundas, funcionando ilegalmente e com cartazes vulgares esbranquiçados colados na paredes.
A maioria dos postos de gasolina tem mecânicos funcionando. Pois bem, parei lá para ver o que era. Como não podia deixar de ser e seguindo a minha premissa na Austrália de que tudo, para dar certo, tem que dar primeiro errado. Tive que comprar uma peça para o carro. NO PRIMEIRO dia de uso. Fiquei tensa, né? Já pensando no que estava me esperando pela frente...rs
Enfim, peça trocada, aula perdida, vamos para casa...

Day after... sai para trabalhar e, depois de fazer a primeira casa que eu eu tinha no dia, meu parceiro de costume não pode ir trabalhar e aí, convidei uma amiga que está tão fudida de grana quanto eu para fazer o cleaner comigo (na Australia, ajudar é preciso!). Pois bem, eu voltei em Manly, o bairro que eu moro, para buscar ela.
Lilian, que tinha ido fazer um cleaner naquele dia pela primeira vez numa casa, me ligou. Ela estava desesperada porque a mulher era uma pentelha e a cabeçuda quebrou um bibelô da mulher. E eu, como uma boa ouvinte, atendi o telefone e me pus à tentar ajudar, com essa, me ferrei!

Acreditam que quando eu estava fazendo a curva na rua da minha casa, um carro laranja, acreditem LARANJA, parou atras de mim e fez aquele barulhinho: UÉUM!
Of course que eu não tenho como escrever exatamente como é o barulho, mas, vocês já podem imaginar né?... Era o carro da polícia! Aqui, tem muuuuuuita polícia à paisana.
Puts, fui pega em flagrante falando no celular!
O cara parou do meu lado, me mandou abrir o vidro e disse: "Mate, i wanna talk to you".
Vocês já podem imaginar o que aconteceu, né?

Ele desceu do carro, com uma aparelhinho que parecia um negócio daqueles de Onda Livre (aquele de passar no pedágio, sabem?) e me explicou que aquilo ali estava gravando toda nossa conversa. Me amostrou uma luz vermelha no carro, explicando que aquela câmera gravava o que estava acontecendo. Por isso, teríamos que ficar ali, em frente ao carro.

E o melhor da história. O cara chegou falando baixo, com educação e, não me acusou nenhum momento, de estar falando no celular. Ele simplesmente perguntou o porque eu estava dirigindo com uma mão só e com a outra no ouvido. E eu, tive que dizer a verdade, né?!
Aqui, não dá pra chorar, mentir e muito menos, oferecer dinheiro para fugir do erro.

Conclusão: Fine de 243 dólares!

Alguém pode imaginar essa atitude com os nossos PMs SUUUUUUPER honestos do Rio de Janeiro? hahahahahahahahaha


Tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...


Então guys, esse foi mais um capítulo dos meus dias na Astrália. Vejo vocês na próxima vez.

Beijokas,

Luka

terça-feira, 12 de maio de 2009

Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho:
"o lar do passarinho é o ar, e não o ninho".
E eu voei... Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe.
Não importa quanto tempo, não importa onde.
Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente.
Outra língua, outra cultura, outra moeda.
É, vida dura mas eu sou duro na queda.

Se me derrubar... eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração.
Clandestino, imigrante, maltrapilho.
Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro.
Família, amigos, meus velhos, meu mano - o meu pequeno mundo em segundo plano.
Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades.
Passei um tempo mal, morrendo de saudade.

Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...

Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada.
Da cultura, da mistura, da estrutura precária.
Da farofa, do pãozinho e da loucura diária.
Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado.

Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...

Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito.
A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada que delícia!

Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...

Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral.
Do calor humano, do fundo de quintal.
Do clima, da rima, da festa feita à toa - típica mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro e da cor.
E do nosso jeito de fazer amor.
Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar:
o lar do passarinho é o ninho, e não o ar.

E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno.
Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno.
Água no feijão, tô na área, bichinho.
Se me derrubar... eu não tô mais sozinho.
Tô de volta sim senhor.
Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.
Mas o amor é cego.

Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal.
Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país... não dá, não dá pra ser feliz.
E bate uma revolta, e bate uma deprê.
E bate a frustração, e bate o coração pra não morrer.
Mas bate assim cabreiro. Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero.
Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro.

Os velhos, os filhos, os manos - ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos.
Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas.
Passei um tempo mal, morrendo de vergonha.

Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...

Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada.
Da postura, da usura, da tortura diária.
Da cela especial, da estrutura carcerária.
A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado.

Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...

Da mulata oferecida, do pagode malfeito.
Morrer na arquibancada pro meu time do peito.
O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia.

Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...

Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral.
Do clima de festa, da festa feita à toa - ridícula mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro da carniça.
E do nosso, jeito de fazer justiça.

Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação.
Muita água e sabão.
Ensaboa, meu irmão.
Não se suja não.

Indignação.
Manifestação.
Mais informação.
Conscientização.
Comunicação.
Com toda razão.
Participação.
No voto e na pressão.
Reivindicação.
Reformulação.

Água e sabão na nossa nação.
Água e sabão, tá na nossa mão.

Tô morrendo de paixão, tô morrendo de paixão...

terça-feira, 5 de maio de 2009

No coments! rs

Tem horas que a organização da Australia chega a irritar.
É claro que muitas vezes eu gosto. Porque foi essa organização que me trouxe a paz que, logo logo vou acabar perdendo, quando eu voltar pro Brasil (falar desse medo merece um texto a mais). Porém, o número de regras e o excesso de prevenção daqui é uó!
Agora, são 7:40 da manha na Australia e eu, que não tenho trabalho para hoje, já estou acordada. Porque?
Porque às 7:00 da manhã, alguém, certamente preparando seu café da manhã, deixou disparar o alarme de incedio do predio. Resultado?
Aciona o alarme (aqueles bem escandalosos que muita gente nem nunca ouviu na vida), acorda o predio inteiro e, pelo megafone instalados nos corredores, o bombeiro comeca: Emergency, evacuate now!
Porra, que saco. Todo mundo já está cansado de saber que não é emergencia, que alguém fumou demais dentro do ap ou esqueceu de ligar o sugar, mas, somos mesmo é obrigados a descer. Sabe-se lá quando se pode levar uma mlta nesse país. Porque aqui, tudo é na base da multa.
(merece outro texto)

E aí, descem as 5 cabeças do apartamento (o integrante número 6 já tinha saído para trabalhar), todo mundo com cara de sono, cabelo despenteado, bafo, olheira e mau humor, pra que? Para nadaaaaa. Dois minutos depois, o bombeiro libera todo mundo para subir: "Alarme falso, alarme falso!" DROGA!

Sobe todo mundo denovo... deita todo mundo denovo... pega no sono todo mundo de novo e... UÓ! UÓ!UÓ! Toca o alarme denovo.
Nem preciso dizer que, dessa vez, ninguém se mexeu né?!

Tenham uma boa noite no Brasil e nós, tentaremos descansar um pouquinho mais aqui na Oceania.

beijokas,

Luka (Puta de acordar essa hora!)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

SAUDADE!

Oi amores.

Está cheio de teia de aranha no meu blogg e confesso q não estava muito animada para escrever, mas, achei um desperdício passar três meses de Australia e eu não contar nenhuma novidade aqui, nenhuma curiosidade, nenhuma loucura... enfim.
Hj vim mais para dizer o tamanho da saudade é maior do que o das surpresas q encontrei aqui.

Minha vida na Australia é boa. Tenho uma vista tão maravilhosa do meu ap aqui que nem sei como vou poder voltar a viver com vista para o castelinho do lado do meu ap no Brazil. (E como eu vou conseguir escrever Brazil com S???) hehhe

Contudo, não está dando para viver longe de casa. Tem dias que meu coração fica tão apertado que chega a doer. Como hj...
E ai, a saida é ver as pessoas queridas pelo orkut. Olhar fotos antigas, deixar recadinhos declarando, em público, meu amor por elas.

A Australia é um pais maravilhoso. Concordo em gênero, número e grau com a premissa que diz que aqui, é o Brasil que deu certo. Eles têm o clima como o nosso, praias lindas como as nossas, pessoas animadas como as nossas e se duvidar, são mais vagabundos que nós, com todos os feriados do planeta. Para se ter uma ideia, aqui, se o feriado cai no final de semana, a segunda feira é ponto facultativo pq eles entendem que o final de semana já é dia livre, portanto, é injusto que o trabahador perca o feriado. hehehe
Eles também têm a seguranca que sonho para o meu Rio de Janeiro. Aqui eu posso ir ao mercado caminhando, sozinha, à meia noite, que não dá nada. Outro dia sai com minha chefe de casa, fechei a janela e o pino da porta e ela disse pra mim: "Não precisa disso, aqui é a Australia". Diante disso, nem quis tocar no assunto de que, no Rio, não podemos ter carro sem seguro, tranca, alarme, segredo, etc... quanto mais deixar o pino aberto! rs

Uma tristeza ter que pensar nisso tudo. Meus dias por aqui estão acabando e confesso estar contando os dias para ver o Cristo Redentor e poder abracar meus amigos e minha familia, beber um vinho vagabundo no baixo méier, trabalhar naquilo que eu gosto...
Dá uma ponta de tristeza ter que voltar. Estou tão perto de tantos lugares maravilhosos do mundo que queria poder estender minha estada e conhecer essas culturas, mas, não posso e vou voltar feliz.

Enfim queridos, tenho muitas coisas legais para contar sobre os hábitos dos Australianos, as regras, as coisas legais e as chatas também, mas, vou fazer isso aos poucos. E juro, vou fazer!
Voltarei a vim aqui diariamente para contar para vcs tudinho que eu estou vivendo aqui.

Enquanto isso, fiquem com esse post que soh quer diser... SAUDADE!!!

Amo vcs,

Luka