Ontem, durante um papo no escritório sobre livros, expressei meu encanto pelo "O Pequeno Príncipe", que eu chamo, carinhosamente de "Livro de Miss".
Ana Bárbara se assustou e disse: "Nunca li o livro, mas não gostei do filme. A serpente mata o menino no final".
"Ã? Como assim" - indaguei.
"Bom, pelo menos no filme é assim, eu me lembro."
Fiquei atônita!
Hoje pela manhã fui na minha prateleira de livros, vasta de obras de gente intectual como eu, "Chic[érrimo]" - De Glorinha Kalil, "O diário de Bridgit Jones" - De Helen Fielding, alguns livros de Relações Públicas e produção de eventos e... "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry.
Pois bem, no laboratório, enquanto esperava ser chamada para o exame de sangue, peguei meu livro "com aquarelas do autor" (adoro essa observação na capa!) e fui direto para as últimas páginas. (Não precisava reler. Eu sei a história toda. Amo mesmo, é sério. Não, eu não fui assistir Luana Piovani na UERJ)
Página 83, capítulo XXVI
Havia, ao lado do poço, a ruína de um velho muro de pedra. Quando voltei do trabalho, no dia seguinte, vi, de longe, o meu pequeno príncipe sentado no alto, com as pernas balançando. E eu o escutei dizer:
- Tu não te lembras então? Não foi bem esse o lugar!
Uma outra voz lhe respondeu, porque ele replicou em seguida:
- Não! Não estou enganado. O dia é este, mas não é este o lugar...
Prossegui em direção ao muro. Não enxergava nem ouvia ninguém a não ser ele... No entanto, o principezinho replicou novamente:
-... Está bem. Tú verás na areia onde começam as marcas dos meus passos. Basta me esperar. Estarei lá esta noite.
Estava a 20 metros do muro e continuava a não ver nada. O pequeno príncipe disse ainda, após um silêncio:
- O teu veneno é do bom? Estás certa de que não vou sofrer por muito tempo?
Parei, o coração apertado, ainda sem compreender nada
- Agora vai-te embora... - dfisse ele - Eu quero descer!
Então baixei os olhos para o pé do muro, e dei um salto! Lá estava, erquida para o principezinho, uma dessas serpentes amarelas que nos liquidam em trinta segundos.
(...)
Pág 86
O sentimento do irremediável me fez gelar de novo. E eu compreendi que não poderia suportar a idéia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.
(...)
Pág 87
- À noite tu olharás as estrelas. Aquela onde moro é muito pequena,para que eu possa te mostrar. (...) Minha estrela será para ti qualquer uma das estrelas. Assim, gostará de olhar todas elas... Serão, todas, tuas amigas...
(...)
- Quando olhares o céu de noite, eu estarei habitando uma delas, e de lá estarei rindo; então será, para ti, como se todas as outras estrelas rissem! Desta forma, tu, e somente tu, terás estrelas que sabem sorrir!
(...)
Naquela noite não o vi partir.
(...)
Houve apenas um clarão amarelo perto da sua perna. Permaneceu,por um instante,imóvel. Não gritou. Tombou devagarinho como tomba uma árvore. Nem fez sequer barulho, por causa da areia.
(...)
E então eu pergunto: "O que terá acontecido no seu planeta? Talvez o carneiro tenha comido a flor..."
(...)
E nehuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância!